O espelho hipócrita

Império da vaidade, culto ao corpo, à beleza jovem, supervalorização da aparência, conceito restrito de beleza, negação dos efeitos da velhice, das limitações biológicas, preocupação exagerada com a jovialidade do corpo, não com a saúde; busca de um corpo perfeito.

Estamos atrás de uma beleza compulsiva, de um padrão externo fabricado. A malhação, o bronzeamento artificial e as plásticas têm em vista não o reparo de um defeito para atingir a beleza, mas símbolos de diferenciação e status.

O espelho perde a função de refletir a imagem de quem olha e passa a ser instrumento de reflexão do olhar de outras pessoas.

Você sabe por que a TV, a publicidade, o cinema e os jornais defendem os músculos torneados, as vitaminas e dietas milagrosas, as modelos magras e as academias de ginástica?Porque isso dá dinheiro. O que importa é o prazer que se compra e que se exibe.

É hipocrisia dizer que entramos numa academia de ginástica porque estamos preocupados apenas com a nossa saúde. Se fosse verdade, já teríamos arrumado uma solução para questões mais graves, como a poluição que arrebenta nossos pulmões, as guerras, o barulho das cidades, a falta de saneamento.

Estamos na fase da beleza ostentatória, que faz questão de mostrar o dinheiro, o tempo livre para passar tardes em academias e mostrar, afinal o que sonhamos ser: bonitos, ricos e assim dignos de ser admirados.